Contando com uma constelação política favorável, que incluía Euclides Triches, descendente de italianos, como governador do Rio Grande do Sul, Ernesto Geisel, descendente de alemães, na presidência da República, e ainda Arnaldo da Costa Prieto, político com base eleitoral no vale do Sinos, como ministro do trabalho, foi comemorado, em 1974 e 1975, no estado, o “biênio da imigração e colonização” – o primeiro para rememorar os 150 anos da chegada de imigrantes alemães a São Leopoldo, em 1824, o segundo os 100 anos de italianos para a serra gaúcha, em 1875.
No primeiro ano, as comemorações, naturalmente, teriam como centro São Leopoldo, onde um irmão do ministro Prieto, Henrique, era prefeito. Além dos muitos atos programados e levados a efeito, aconteceu um evento mais intelectualizado sobre a história da imigração alemã, não só para São Leopoldo, mas para todo o Rio Grande do Sul, o “I Simpósio de História da Imigração e Colonização Alemã no Rio Grande do Sul”, de 12 a 15 de setembro.
Como era praxe na época, durante o simpósio foram aprovadas várias “moções”, uma das quais estabelecia que tais encontros deveriam realizar-se de dois em dois anos. A institucionalização de encontros regulares para estudar a história da imigração e colonização alemã desembocou na criação do Instituto Histórico de São Leopoldo. Após várias tratativas informais, convocou-se uma reunião na qual foram aprovados os estatutos, publicados no Diário Oficial do RS, em 4 de setembro de 1975, e depositados no Registro Civil de Pessoas Jurídicas, em São Leopoldo, no dia 22 do mesmo mês e ano. Segundo o artigo primeiro, na redação da época, “o Instituto Histórico de São Leopoldo, sociedade civil sem fins lucrativos, fundado e instalado em 25 de julho de 1975, com sede e foro na cidade de São Leopoldo, RS, tem por fim promover e divulgar estudos e investigações que se relacionam com a história do Rio Grande do Sul, particularmente no tocante à imigração e colonização alemã”.
Inicialmente, constituído por 20 “cadeiras”, os sócios-fundadores e seus respectivos patronos foram: Helga Iracema Landgraf Piccolo (Imperatriz Leopoldina), Ramiro Frota Barcelos (Visconde de São Leopoldo), Angela Tereza Sperb (José Thomaz de Lima), Bertholdo Weber (pastor João Jorge Ehlers), Carlos Henrique Hunsche (João Daniel Hillebrand), Adolfo Zimmermann Netto (Afonso Mabilde), Germano Oscar Moehlecke (João Grünewald), Moacyr Domingues (Carlos von Koseritz), Arthur Rabuske (padre Ambrósio Schupp), Guilherme Frederico Rotermund (pastor Wilhelm Rotermund), Milton Valente (padre Carlos Teschauer), Ruben Celestino Neis (padre Theodor Amstad), Leandro Silva Telles (Pedro Weingärtner), Klaus Becker (Arno Philipp), Sérgio Roberto Dillenburg (padre João Batista Hafkemeyer), Carlos de Souza Moraes (Aurélio Porto), Liene Maria Martins Schütz (major Leopoldo Petry), Pedro Ignácio Schmitz (padre Luiz Gonzaga Jaeger), Telmo Lauro Müller (Lindolfo Collor), Walter Koch (Erich Fausel). Mais tarde, o número de “cadeiras” foi ampliado para 30. Quando uma cadeira fica vaga, qualquer sócio-efetivo pode sugerir candidatos, uma comissão avalia seu currículo, e emite um parecer; a seguir, o plenário vota. Para ser admitido, precisa obter o voto favorável da maioria.
A rotina do Instituto é muito simples: os sócios se reúnem, em princípio, no último sábado dos meses de março, abril, maio, junho, agosto, setembro, outubro e novembro para uma reunião mensal ordinária, com três horas de duração; a de março é precedida por uma assembleia geral. Iniciando com assuntos administrativos, a sessão segue com uma “grande comunicação”, uma palestra, em geral proferida por um dos confrades ou uma das confreiras, ou por um(a) convidado(a). Após um período de debates, vêm as “pequenas comunicações”, quando cada um dos sócios tem oportunidade de apresentar ou comentar notícias de interesse geral, registrar a ocorrência de eventos passados ou futuros, informar sobre o lançamento de publicações etc.
Criado de forma específica para dedicar-se à história da imigração e colonização alemã – fato que se reflete na escolha dos patronos das “cadeiras” –, o Instituto sofreu transformações, no decorrer do tempo, e ampliou seu campo de interesse e de pesquisa, não se restringindo mais a um deslocamento humano específico e a seus resultados. Poderia dizer-se que, atualmente, a temática do Instituto é a história das (i)migrações.
Além dos resultados para seus próprios sócios e da eventual utilização de seus estudos e debates para orientar ações públicas ou privadas, no campo da preservação e do envolvimento com a história da sociedade, não há dúvida de que um dos mais importantes efeitos para um público amplo é a realização dos simpósios, que, em 2018, atingiram o número XXIII. Realizados desde o ano 2000 em parceria com o Programa de Pós-Graduação em História da Universidade do Vale do Rio dos Sinos – UNISINOS –, os trabalhos ali apresentados, não só por sócios, mas por qualquer pessoa interessada (desde que de qualidade e atinentes à temática privilegiada pelo Instituto), estão publicados em muitas milhares de páginas, de fácil acesso para quem quiser lê-los. Além disso, o Instituto tem colaborado na divulgação de trabalhos considerados importantes, incentivando e apoiando sua publicação.
Considerando a tarefa de levar informações e análises historiográficas à sociedade, ao festejar 45 anos de sua existência, o Instituto Histórico de São Leopoldo decidiu lançar este site. Espera-se que seja bem-recebido e aproveitado por todos os “navegadores”.